Revista do Turismo – Negócios e Eventos

Chapada Diamantina, um pedaço preservado do Planeta

Joana Caetano, 25 anos, carioca, é atriz, formada em Artes pela Universidade Federal Fluminense, com atuações em teatro e cinema. Seu primeiro acampamento foi

aos três meses de idade, com os pais, numa primavera quente no Clube dos 500. Associada do CCB, aprecia o conforto dos seus campings “urbanos”, mas se sente mais à vontade naqueles que proporcionam maior diálogo com a natureza e com os nativos ao redor.

No final do ano passado, somado ao pretexto de cumprir o isolamento social proposto pela Pandemia da Covid-19, Joana acionou um projeto antigo e, mochila nas costas e barraca na mão, partiu para um acampamento na Chapada Diamantina, no Estado da Bahia, durante 20 dias.

O que ela viu por lá documentou em fotos deslumbrantes, algumas ilustrando esta matéria. O que sentiu, ela mesma descreve. “Acostume-se com tudo dando certo em sua vida”, foi o que Iesu me disse quando comentei sobre pequenas sincronias que me vinham acontecendo desde que cheguei, confirmadas também na vivência de duas outras visitantes que estavam instaladas no mesmo camping.

Iesu também estava de barraca, mas já foi morador dali e imediatamente reconheceu a nossa sensação. Falo da Chapada Diamantina, onde tudo flui e as cachoeiras ajudam a reintegrar os pensamentos, regenerando os corpos.

É ano de pandemia e acredito que a obrigação de ficar em isolamento fez muita gente repensar suas moradias e hábitos. Eu fui uma delas. Saí de casa com o objetivo de experimentar viver de forma mais responsável com a minha saúde e, consequentemente, com a do planeta. Afinal de contas, somos sim ume só e creio que só sendo bem estúpido para questionar o grau dessa relação na atual conjuntura. (O Eu só existe se está em relação, logo… somos “Eutros” o tempo inteiro).

E aí, nesse caso, já que estamos falando em SER, ou melhor, SERMOS, que tal escutarmos finalmente os sintomas de sofrimento desse organismo vivo e pulsante e nos limparmos melhor, comermos melhor (melhor e não mais), escolhermos com consciência o que estamos financiando, entendendo o que contribui para a vitalidade do nosso corpo e o que acelera o processo de morte.

Quebrar a cara no alto dos nossos privilégios para se dar conta de que, enquanto houver injustiça social, continuaremos na iminência da morte, enquanto houver poluição, nossa água mineral vai nos infectar ao invés de nutrir, enquanto continuarmos avançando em agronegócios, fábricas e consumo desenfreado, será cada vez mais perigoso respirar esse ar.

E sabe o que significa ar? Vida. A vida entra e sai de nós a todo momento para que continuemos existindo. Não tem como inspirar, inspirar, inspirar e inspirar, sem que esse ar saia do corpo. Para que o sistema respiratório funcione é necessário que realizemos os dois movimentos, receber e devolver. O acúmulo não contribui para o ciclo vital de ninguém.

Sabe por quê Iesu sentenciou “Acostume-se com tudo dando certo em sua vida”? Porque a Chapada, assim como outros – cada vez mais escassos – lugares, é pura natureza e a NATUREZA já é completa em si, ela se nutre e se regenera a todo instante.

Já é bem sabido que o Planeta existe bem antes da humanidade habitá-lo e vai continuar existindo se não estivermos mais por aqui. Se eu sou NATUREZA no diálogo constante, respeitoso e ininterrupto com outros seres NATUREZA, então receberei o que preciso e passarei adiante o que tenho, que, por sua vez, irá nutrir alguém que precisa (seja na forma de informação, estadia, dinheiro, trabalho, carona, conversa, comida, cobertor).

Contrate os serviços locais. Não tem mais como não fazer turismo consciente. Não tem como não estar consciente, não é mais uma questão de coragem para enfrentar uma sociedade de séculos de hábitos colonizadores e estupradores. Agora, enfrentar a sociedade ou a si mesma através da consciência é a única saída se Você quiser que o Planeta Terra não o reconheça como um vírus que ele vai expulsar”.

O ROTEIRO

Joana viajou de avião até Salvador, hospedando-se em hostel, para seguir de ônibus até a cidade de Palmeiras. De lá, num pequeno trecho sem transporte público, partiu de carona para o Vale do Capão, seguindo até o camping Guapira, onde pernoitou durante 6 noites (pernoite a R$ 30,00).

Existem campings mais próximos da Vila, a preços mais acessíveis, que não constam em referências na Internet. A partir da base do camping Guapira, organizou-se para percorrer trilhas diárias e conhecer belos recantos, muito bem preservados, como o Poço Princesinha, um espetáculo maior ao entardecer, as Cachoeiras Angélica e Purificação, onde se chega somente com guias, das Rodas, com quedas d’água sobre rochas de cor rosa, e o Rio Preto, um belo poço para se nadar, todos eles com águas incrivelmente límpidas.

Visitou também a Cachoeira e os Poços de Patos, vencendo uma trilha rápida de 40 minutos de ida, com apenas uma descida na chegada, e a Cachoeira de Conceição dos Gatos, muito procurada, onde se paga R$ 10,00 para acesso.

A última visita a partir deste acampamento foi à Cachoeira da Fumaça, pela trilha “de cima”, em duas horas e meia de ida, sendo em torno de uma hora subindo e o restante em terreno plano. Esta visita é mais deslumbrante em dias de pós- chuvas, quando o volume de água é maior.

Satisfeito este roteiro de visitas, Joana voltou para Palmeiras e, dalí, seguiu de ônibus para a cidade de Andaraí e, depois, chegou a Igatú, de carona, hospedando-se no Camping Pousada Xique-Xique, ao custo de R$ 30,00 por pernoite. Por indicação de duas visitantes acampadas no Capão, seu guia nesta etapa foi Chiquinho, experiente e conhecedor da flora e fauna da região.

A primeira trilha que fez em Igatú foi ao Vale que circunda a região, para assistir o fenômeno de luzes azuis nas montanhas ao longe, mais aparentes em noites de lua nova, mais escuras. O segundo passeio foi à Cachoeira Califórnia, em trilha exclusiva com guias. Em outro passeio, à Gruna do Brejo, o guia conduz os visitantes por túneis de antigas minas, ilustrando o roteiro com rituais comoventes em memória dos garimpeiros que, no passado, perderam suas vidas naquela atividade extrativa.

O Rio Madalena, também visitado, pode ter acesso pela trilha “por cima”, por onde se chega às quedas, e “por baixo”, para quem pretende visitar o rio. Ainda com base em Igatú, foram alcançadas as visitas às Quedas D’água das Cadeirinhas e à Rampa do Caim. De Igatú, Joana voltou de carona para Andaraí e, de lá, seguiu de ônibus para Lençóis, onde se hospedou no Hostel Viela, com alas separadas, a R$ 45,00 o pernoite.

Dalí, a primeira visita foi à Cachoeira das Lavadeiras, onde, literalmente, senhoras da cidade lavam roupas, sendo muito aprazíveis os recantos rio acima. Um outro local visitado, bem estruturado para receber turistas foi a Fazenda Pratinha, com ingresso a R$ 50,00 e algumas atrações pagas, mas ainda com muita natureza livre à disposição, como a Gruta e o Lago do Pratinha e a Gruta Azul, cuja beleza se vê nos meses de abril e maio, quando os raios solares incidem totalmente sobre o espelho d’água.

A última visita do circuito foi ao Rio Mucugezinho, com trilhas à Cachoeira do Diabo e à Cachoeira do Amor, com ingresso às duas a R$ 10,00. Saindo de Lençóis, de ônibus, de volta a Salvador, enquanto aguardava o momento do embarque de retorno, Joana completou seu roteiro com uma etapa de turismo convencional, com visitas à Igreja do Bonfim, ao Pelourinho, Farol da Barra, Elevador Lacerda, Terreiro de Jesus, Mercado Modelo e o bairro do Rio Vermelho.

SERVIÇO

Site: www.campingclube.com.br

Whatsapp do CCB: (21) 98996-0579

Camping do Recreio (RJ10): (21) 3825-9209

Disque Camping: (21) 2532-0203 ou (21) 3549-4978

 

Fonte: Camping Clube

Foto: Kennedy Silva (CC BY-SA 3.0)

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